sexta-feira, 29 de abril de 2011

Motor V8..







Motor V8..

Eu tentei resistir, mas não deu. Acabei de receber um email de um leitor do blog, que acho que não gostou muito de mim, ou simplesmente não entendeu muito bem meus textos.

E me parece que ele entende muito bem sim é da minha profissão, pois no email me deu altas dicas de como ter sucesso nessa carreira. Aliás, acho que ele até me ensinou a como ser somente um pedaço de carne. Hum, engraçado, e eu achando que estava dando um simples passeio no parque.

Entenda meu caro, eu sei como realizar suas fantasias, não precisa você pedir se esforçando tanto. E obrigado por ter lido o blog e que bom que isso causou alguma reação em você. Fico feliz de verdade com isso e espero que continue lendo sempre. E que sempre comente tão calorosamente da mesma forma. Aprecio a sua opinião.

E é por esse motivo que não puder resistir a responder o seu email por aqui. Porque acho que vai responder a muita gente também. Agora estou postando do meu celular, sentado na Livraria Saraiva do Iguatemi, tomando uma Coca Cola e lendo alguma coisa, meu vício.

Adoro esse lugar, o clima “nerd” flutuando no ar, o cheiro dos livros. Costumo passar um tempo aqui, no intervalo de um cliente e outro.

Mas o motivo de escrever isso aqui, agora, é porque algumas pessoas podem estar interpretando erroneamente os meus textos e tudo o que tento passar neles.

Este blog surgiu de uma vontade minha em querer esclarecer um pouco as coisas sobre este trabalho de ser garoto de programa. De trabalhar com sexo. De ajudar as pessoas a realizarem suas fantasias.

Aqui eu conto como funciona um pouco esse mundinho tão mal interpretado. Mas eu conto através da minha ótica, da forma como eu enxergo as coisas, do meu jeito.

Tento ao máximo ser o mais fiel possível aos acontecimentos, preservando a identidade e privacidade de cada um. Nunca terei intenção de prejudicar alguém e nem de denegrir qualquer tipo de atitude. Apenas friso os momentos inusitados, situações curiosas e fatos que podem ocorrer com qualquer um.

Não sou dono de verdade alguma, apenas estou registrando as coisas. Eu sou um mero observador do mundo. Um meio e uma finalidade. Interprete minhas frases como quiser. Um pensamento só é do homem enquanto ele mora em sua cabeça. A partir do momento em que ele poe pra fora, o pensamento passa a ser do mundo, de todos nós. Use e abuse o quanto quiser.

Então leia ou não se quiser. Goste ou não se quiser. Não forço ninguém a nada. Apenas entrego meus pensamentos pra que possa usar como desejar.

O motivo de estar aqui hoje é pra responder à algumas dúvidas que podem ter ficado no ar.

Se no texto "127 anos.." eu contei a história do meu encontro com um cliente descuidado, fiz aquilo porque senti a necessidade de expor minha indignação com aquela situação. Não quero vir aqui pra falar mal de ninguém, mas diante de tudo o que ocorreu, certas coisas merecem um puxão de orelha.

Se num texto eu digo que adoro estar “ligado no 220”, atender dois, três, ou quatro clientes num dia mostra que se eu faço isso é porque eu consigo, porque sei que vou atender todos do mesmo jeito, com a mesma vivacidade. E porque, graças a Deus, meu telefone não para.

De vez em quando me perguntam se eu gozo só uma vez ou duas. Sempre digo que eu trabalho com um tempo, com um momento. Se no momento em que estivermos juntos eu gozar duas, cinco, dez vezes, que bom. Não cobro por gozadas, cobro aos meus clientes pelo tempo em que estamos juntos. E sempre procuro fazer desse tempo o mais prazeroso possível.

Muitos garotos ou garotas de programa fazem do sexo pago um festival de ofertas. "Pra chupar, é tanto.. Pra gozar, mais tanto.. Pra subir no lustre dá uma pirueta e cair em cima do pau, mais tanto.."

Não gosto disso. Não gosto de falar em valores quando o clima deveria ser de "degustação". Tenho um valor fixo e ponto. Tendo combinado tudo ao telefone não mais volto a falar de negócios. Perde o tesão, corta o clima. A não ser que seja necessário.

No último texto aqui postado, quando "reclamei bastante" sobre estar cansado, sobre como essa rotina pode ser exaustiva, é a mais pura verdade. É cansativo mesmo. Não tenho medo de dizer isso.  Mas sem trabalho o homem não dignifica o seu valor. Não reclamo por estar farto disso tudo, por não agüentar a rotina e virar um "zumbi". Reclamo por ser um ser humano como qualquer outro, por não ser um super homem.

Me sinto exausto quando chega o fim do dia. Quando termino meu expediente e meu corpo pede um descanso. Durante o dia, durante todo o tempo em que estou disponível, e em todos os meus encontros, com todos os meus clientes, com o primeiro, com o segundo, com o vigésimo cliente do dia estou totalmente ligado no 220 e com o motor V8 pronto pra ação.

Quando vou atender alguém, é como se eu ligasse um botãozinho dentro de mim e colocasse o Gabriel em modo ON. Não existe cansaço, não tem corpo mole, não tem freio. E quando a Ferrari esquenta meu velho, aperta o cinto porque ela corre.

Faço esse trabalho por que sou capaz de fazer, e faço muito bem. Faço porque preciso. Porque quero sempre mais.

E pra você, que quer só um pedaço de carne, eu te dou. Te dou 21 centímetros de carne bem passada.. Pingando..

Gabriel Ferrari.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Permita-se..



Permita-se..

Como essa cidade me explora. Eu sou um só, minha gente. Hoje atendi uns cinqüenta telefonemas. Claro que nem todos vingaram, mas eu parecia um atendente de telemarketing. Um inferno, mas no fundo no fundo eu adoro isso. O clamor da multidão.

Oito e meia da manhã começou o expediente no meu Call Center matinal, meu travesseiro. E daí não parou mais. E nessa hora da manhã estou no mais profundo sono, sonhando com qualquer coisa que eu nunca mais vou lembrar. Mas de cinco em cinco minutos ele tocava. Eu atendia e num esforço dantesco eu tentava organizar frases coerentes antes do meu cérebro se desligar novamente e eu voltar a dormir. E assim eu ia, dormindo aos poucos, até alguém finalmente me tirar da cama. Não reclamo, podem ligar mesmo. Eu posso morrer de insônia, mas vou morrer rico.

Outro dia me ligaram seis horas da manhã. Seis da manhã. Olhei pra tela do celular, vi a hora e já atendi na maldade. O sangue no olho. O dito cujo perguntou quanto era o programa por uma hora. Respondi com toda calma concebida por Jesus naquele momento, “Mil reais.” Ele se assustou e perguntou se eu estava falando sério. Eu disse “Sim, para as pessoas que ligam seis horas da manhã eu cobro mil reais.” ¬¬

Não funciono muito bem pela manhã, geralmente respondo no automático, e quase sempre não lembro nem um pouquinho do que digo pras pessoas nessa hora. Por favor, não perguntem a senha do meu cartão.

Ontem atendi um cliente. Ele tinha combinado comigo pela manhã, mas o encontro acabou sendo pela noite. O atendimento foi clean. Eu tento quebrar o gelo, ele fala pouco. Todo mundo tira a roupa, rola o vuco-vuco e meia hora depois já estamos de banho tomado. Não que eu tenha pressa com meus clientes, quem sai comigo sabe que eu falo pelos cotovelos. Mas se ele já se realizou quem sou eu pra cortar o barato.

Na hora de pagar ele meu deu o faz-me-rir, segurei um pouco e continuei olhando o pornô na TV. Comentei alguma coisa sobre o silicone da mulher e dei uma olhadinha discreta no meu cachê. 150 reais. Não gosto de ser indelicado com ninguém e tento ao máximo não falar sobre valores pessoalmente. Geralmente pego a grana, disfarçadamente conto e ponho no bolso. Coisa rápida. Mas olhando pra aquelas três onçinhas não pude resistir. Fiz cara de sem jeito, olhei o pornô de novo, olhei as onças e falei “Combinamos só isso?”. Ele respondeu que sim e achou até estranho. Eu disse que ele devia ter se enganado ou não entendeu direito o que falei com ele no celular. Daí ele disse que tinha acertado comigo de manhã, mas não tinha entendido realmente quanto era. Ai eu lembrei que de manhã eu sou Irmã Dulce, combino até faxina na casa dos outros, só na base do “aham, humm, tá, pode ser..”. Ele pagou a diferença, mas o vacilo foi meu.

Ontem também fui atender um cliente na ilha de Itaparica. A única vez que pus os pés naquela ilha eu devia ter uns sete anos, não lembro de nada. E então ontem eu atravessava o mar de Ferryboat praticamente pela primeira vez. Eu tenho um pouco de medo do mar. Uma vez eu tava na praia, a maré me arrastou até um buraco e de lá eu não sai mais. Não tinha muita gente naquele fim de tarde na água e das barracas pareceu que ninguém me via sacudir os braços desesperado. Sim, nossa vida passa diante de nossos olhos nessas horas. Mas como eu era novo confesso que deu tempo de ver minha vida inteira passando várias vezes. Eu não morri, mas hoje em dia eu não vou a mais de cinco metros da beira do mar.

O passeio na ilha foi tranqüilo, mas cansativo. Voltei pra casa no fim da tarde, tomei um banho, troquei de roupa e sai pra ver outro cliente. “Agradeço todos os dias por me escolher pra ser seu escravo, Salvador. Pode chicotear, eu mereço.”. Faz mais de uma semana que não consigo ir malhar. Mesmo assim despejo meu corpo pesado na cama todas as noites, como se tivesse vindo de uma guerra.

Eu queria fazer mais uma observação. Tenho recebido muitos emails e mensagens no celular de pessoas elogiando o blog, dizendo que adoram as coisas que escrevo aqui. Agradeço do fundo do coração e queria que meus dias fossem mais longos e o cansaço não fosse tão grande, assim eu estaria todos os dias aqui com vocês.

E pra quem não notou o contador de visitantes do blog despirocou de vez. Duas semanas de blog. E olha onde tudo isso está chegando. Mais de mil e duzentas visitas e o globinho ali tá parecendo o tabuleiro do jogo WAR. Tem bolinhas vermelhas em todo o canto do mundo. O exército vermelho já conquistou a América do Norte, do Sul, Europa, e tem dois pinos no Oriente Médio. Será que vou conseguir conquistar os vinte e quatro territórios adjacentes?

Não sei ao certo o que toda essa gente vem procurar aqui. Saber que alguém lá na Espanha está lendo esta frase é de arrepiar. Sempre gostei de escrever. Adoro criar um conto de ficção, ou escrever coisas do cotidiano. Acho fascinante conhecer o universo que habita a mente de cada um. E agora que tenho um assunto tão rico de coisas interessantes pra contar, não custa nada dividir um pouquinho disso com vocês.

Sempre estou indo de taxi pra lá e pra cá, e é nessas horas em que muitas idéias surgem. Já me peguei diversas vezes parecendo um autista olhando fixamente o vidro da janela do carro, juntando frases na cabeça. Tem horas que sento em frente ao computador e não tenho a mínima idéia do que escrever. Mas quando digito a primeira frase todo o resto vem como uma enxurrada.

Essa minha rotina é muito louca, todos os dias um mundo novo se conecta ao meu por alguns instantes. O mais incrível é saber que as pessoas me procuram para estar com elas, pra que eu seja capaz de saciar um desejo que as consome por dentro. É interessante saber que consigo melhorar um pouquinho o mundo delas nem que seja por um instante.

Tem gente que me pergunta se é pecado estar ali comigo. Eu digo que pecado é não viver a vida. Não aproveitar cada segundo fazendo aquilo que tem vontade. Não viver, por ter medo de viver, isso sim é um pecado.

Permita-se.. A vida é uma só.

Gabriel Ferrari.

sábado, 23 de abril de 2011

Olha que coisa mais linda..







Olha que coisa mais linda..

Madrugada de sexta, 03:25 am..

O taxi seguia em alta velocidade pela larga avenida. Àquela hora da madrugada não existiam muitos carros trafegando, por isso o caminho estava livre. Mesmo assim eu temia não chegar a tempo. Eu tinha uma mochila no colo, abarrotada de coisas. Iam ser três dias, eu sei, mas parecia que eu estava levando roupa pra umas três semanas.

O celular vibrou de novo. Era a quarta vez em cinco minutos. Quem diabos estava me ligando uma hora dessas da madrugada? É engraçado como tem gente que tem “tara” de me ligar quatro, cinco, às vezes seis da manhã. “Querem o quê, uma matinê?”. Digitei na mensagem que estava um pouco tarde pra me ligar, e que estava indo naquele momento para o aeroporto, que estaria ausente no fim de semana e retornaria no domingo. Uma mensagem conformada veio em seguida, dizendo que ele ligaria outro dia. “Tome uma ducha e volte a dormir.” Pensei.

Eu estava com os minutos contados, o vôo sairia as quatro em ponto. A Avenida Paralela por ser uma grande reta ajudava um pouco, mas eu tinha medo que fosse igual à última vez. Duas semanas antes eu tinha sido chamado a Belo Horizonte, coisa de última hora. O cliente ligou me “convocando” a ir passar a noite com ele em BH. Aquilo tinha me pego de surpresa. Ele disse que tinha um vôo para o mesmo dia, à noite. E eu voltaria pra terra do axé pela manhã. Eu disse o valor do cachê. E uma hora depois algumas Dilmas a mais preenchiam minha conta bancária. Passagens confirmadas pela internet e eu fui.

Lembro que cheguei ao aeroporto faltando dez minutos para o embarque. Atravessei o gigantesco hall de entrada do Aeroporto Dep. Luís Eduardo Magalhães com meu nome sendo anunciado nos auto falantes. Com o bilhete do vôo impresso numa folha de papel numa mão e a mochila em outra, corri até alcançar o corredor de embarque. Eu tinha de passar ainda pelo detector de metais. Pus a mochila numa bandejinha branca, minha chave de casa e meus dois aparelhos celulares também.

Eu transpirava nervoso. Eu ia perder o vôo. Passei pelo portal detector. Ele apitou. Surpreso, comecei a olhar pra mim mesmo. Um homem de terno me mandou verificar os bolsos de novo e passar pela máquina. Meti a mão no bolso e tirei um punhado de moedas, troco do taxi. Merda. Passei de novo. De novo a máquina apitou. Outro homem de terno se juntou ao primeiro e começou a falar no rádio. Meu coração gelou. Será que eu estava armado e não sabia? Não, não estava. Era o meu cinto, a fivela dele era de metal. Merda de novo. Tirei o cinto quase arrancando as calças, passei pela máquina aliviado por ela ficar muda dessa vez. Peguei minhas coisas e corri de qualquer jeito. Cheguei até a porta do avião segurando as calças, não pude parar pra colocar de volta o cinto. O capitão foi quem me esperava na porta com um sorriso forçado no rosto. “Só estava esperando você” Ele disse. Sim, sozinho consegui atrasar o vôo, eu não mudo mesmo.

Olhei pro relógio de novo. Ia dar tempo dessa vez. Meia hora depois eu estava sentado olhando pela pequena janela do avião, vendo Salvador ficar pequenininha lá embaixo.

Não sei por que, mas eu sempre acho que aquela merda vai cair. Eu odeio turbulência. Quando vejo que o avião vai entrar numa nuvem carregada eu fecho a janela e grudo na cadeira, feito uma lagartixa. Odeio turbulência.

O vôo tinha escala em São Paulo. Enfim eu ia ver como era do alto a mega metrópole brasileira. Eu ia ver né, se as nuvens que cobrem o céu de São Paulo deixassem. Era dia já, e momentos antes do pouso em Congonhas, tudo o que se via lá embaixo era um grande tapete branco cobrindo a cidade paulista. De vez em quando eu via bairros. Bairros sem fim. Prédios e prédios enfileirados. Era como se houvesse um mar de casas e edifícios que nunca acabava.

Daí que o avião mergulhou naquele tapete branco e segundos depois tudo apareceu de repente. Toda a cidade podia ser vista, aliás, ela quase tocava o avião. A nave se aproximava do solo e eu não via a cidade acabar lá embaixo. Os prédios, as casas, tudo continuava querendo engolir o avião. Senti que não ia encontrar aeroporto nenhum a frente, não era possível que a aeronave estivesse assim tão perto das casas. Se alguém estendesse a mão no topo de um prédio alto tocaria o trem de pouso. Eu ia morrer, sabia que ia morrer. O avião desceu mais e mais até aquela visão se tornar insuportável e de repente no instante em que surge uma pista de pouso do nada ele toca o solo. Era incrivelmente louco que um aeroporto se encontrasse no meio da metrópole. No meio de tudo. Pousar em Congonhas é extremamente lindo e perigoso ao mesmo tempo.

Sempre me disseram que o céu de São Paulo é cinza. E é mesmo. No vôo seguinte eu fui o último a entrar. Não estava atrasado, mas também não estava com pressa. Entrei no avião, olhei pra aquele monte de gente sentada. Dei uma risadinha cínica por dentro, não pude evitar. Eram 7 da manhã e acho que só eu naquele avião não estava de terno. Até as mulheres estavam de casaquinhos sociais. Todo mundo muito sério, gel no cabelo, barba feita, cara de poucos amigos. Foi ai que entendi que ir de Sampa pro Rio de avião era como realmente pegar um taxi. Aquela gente estava indo trabalhar. Foi esse o motivo do riso solto. Eu também estava indo trabalhar. Eu só não trabalhava de terno, todo engomado. Eu usava uma calça skinny preta e uma bata branca desfiada da Osklen. Sou muito mais o meu uniforme. E acho até que o meu salário no fim do mês era maior do que o de muitos deles ali. Mas, cada um com seu diploma né..

Se existe visão mais linda que aquela no mundo, eu duvido. Eu nunca tinha visto aquilo tão de perto. Aqueles morros cortando a cidade, aquelas praias, aquele sol. Lá longe, no alto de um morro, podia ver a silhueta dele me recebendo de braços abertos. O Cristo tornava aquela cidade muito mais maravilhosa do que eu imaginava. O Rio de Janeiro é um conjunto de sensações indescritível.

A aeronave passou por cima da ponte Rio - Niterói e começou a se aproximar das águas. Novamente achei que não ia pousar em solo firme, que talvez tivesse que ir nadando até o corredor de desembarque. Mas logo o Santos Dumont surgiu liberando seu tapete negro para o nosso pouso.

Fui o caminho todo do taxi ao hotel tirando fotos que nem uma criança, embriagado com tudo o que via pela frente. O mais incrível de tudo eram os morros no meio da cidade. Você podia virar uma rua e de repente dar de cara com uma montanha de pedra.

Quando parei na porta do Hotel, não pude resistir àquela vontade. A praia estava a uns 40 metros da entrada do hotel e ao invés de seguir até a recepção fui andando em direção a orla. O calçadão era muito largo, uma placa indicava Ipanema. Sim, aquele lugar era o paraíso. Que praia, que sol, que vista, que areia, que vôlei, que morro, que tudo. Tudo era muito lindo e ponto. Me apaixonei pela garota de Ipanema naquele instante.

O Rio te embriaga pra onde você olhar. Fomos almoçar no Restaurante Porção com toda aquela vista da Baía de Guanabara em frente a nossa mesa. Depois passei a tarde visitando o Bondinho e ali você entende porque aquela cidade é maravilhosa. A vista dali de cima é de cair o queixo. Pra onde você olha do alto do morro da Urca você suspira. Tirei zilhões de fotos, babei zilhões de vezes olhando aquilo tudo. Pena que no itinerário não tinha tempo para subir até o Cristo. Mas fica pra próxima.

Visitar o Rio foi delicioso e a companhia também era super agradável. Um cliente que se tornava um amigo cada vez mais. Eu estava ganhando um fim de semana fantástico e ainda recebendo por aquilo. É nessas horas que nosso suor faz valer à pena.

Fui a muitos lugares, e a praia não ficou de fora. Também almocei no Barthodomeu, um lugarzinho maravilhoso em Ipanema. Fui ao Cine Ideal, e curtir aquele sonzinho no terraço ao ar livre, foi muito bom. Até que então no sábado fomos pra famosa e tão aguardada, boate The Week.

Se for visitar o Rio e gostar de uma boa balada, vá à The Week. Que lugar fantástico. Tá que eu fico meio receoso de ir nesses lugares assim, considerados GLS. Mas lá eu me diverti. Linda e maravilhosamente sedutora a The Week te faz vibrar. E eu vibrei. Ah como eu vibrei..

Me despedi do Rio no domingo com um gostinho de quero mais na boca. Mas quem visita aquela cidade, sem sombra de dúvidas vai retornar algum dia. Prometi pular de Asa Delta na próxima vez, imagina.

Voltei pra casa pensando o que seria de mim agora, pra onde iria na próxima vez, que lugar iria conhecer. É assim que a gente fica quando começa a viajar. A gente vicia. Se desprende. Começa a entender que nosso caminho pode ir muito mais além do que se pode imaginar.

Gabriel Ferrari.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ligado no 220..



Ligado no 220..

Então vamos lá. Na semana passada as coisas andaram as mil maravilhas. A segunda-feira amanheceu agitada como sempre. Parece que todo mundo passa o olho no site antes de ir pra balada no fim de semana e deixa pra ligar pra mim na segunda-feira. Ainda bem que nem todos são assim, e continuo com o caminho abençoado, tendo clientes para atender todos os dias. Mas vá lá, adoro começar a semana ligado no 220. E foi o que aconteceu.

Um pouco depois do almoço, fui encontrar um cliente que tinha “saído” comigo pela primeira vez duas semanas antes. Era a segunda vez dele com o Gabriel, e eu adoro quando clientes repetem o prato. Super tímido e de poucas palavras, porém muito educado e fácil de conduzir. Pessoas agradáveis demonstram isso simplesmente sendo agradáveis. Sem pressionar o momento. Conseguindo o que querem sem precisar forçar os seus limites. Desse jeitinho calmo e sereno as coisas acontecem com este cliente. E tudo acaba bem, quando acaba bem.

As horas passaram, anoiteceu e até consegui ir à academia, malhar “outros” músculos. Eu já achava que ia conseguir ter algumas horas a mais de sono. Quando o telefone tocou de novo, pela centésima vez. O mesmo número havia ligado outras três vezes durante o dia. Atendi e uma voz rouca do outro lado, com a respiração entrecortada, conseguiu me arrastar até o Rio Vermelho naquela noite. Mas essa história eu já contei.

Daí que veio a terça-feira, e todo mundo naquele dia cismou de querer marcar pro mesmo horário. Isso acontece quase sempre, é um corre-corre. Sem contar que nesse dia eu tinha ido dormir mais de oito da manhã, postando os primeiros textos deste estimado blog. O bom é que de tarde já tinha gente comentando comigo os textos, que bacana. Viva a internet e a velocidade de comunicação.

Tirei meu corpo da cama a muito custo, eu parecia ter 127.. quilos, rsrsrs. Poucas horas de sono e me levanto com o primeiro programa marcado para uma da tarde, segundo para três, e terceiro para 05:47 PM. Não me perguntem o porquê dos “47”, o cliente marca e eu vou.

Primeiro encontro no Motel Del Rey. Eu só sai da cama mesmo porque quem me chamou merece muito a minha companhia. Assim como qualquer um merece a dela também. Uma semana atrás ela tinha me ligado, super tímida e cautelosa. Com muito jeitinho tinha perguntado se eu podia atender ela, porque primeiramente ela achou que eu não fosse. Eu perguntei “Por quê?”. Foi então que ela me disse que tinha 53 anos e queria experimentar pela primeira vez a minha companhia. Eu respondi “Mas você é uma menina, na flor da idade, claro que te encontro.” Ai ela se desarmou, ficou mais tranqüila e saímos no mesmo dia. Conversamos sobre a família, sobre a vida, memórias boas e ruins. Sobre o passado que traz saudade. E sim, naquele quesito também, ela era mesmo uma menina. A idade e experiência podem surpreender os jovens. Pois então, nesta terça novamente passamos um belo momento juntos.

Saindo do Del Rey meu celular toca e o segundo cliente já esperava no lugar marcado. Peguei um taxi, sai de um motel e fui direto para outro. Adoro trabalhar nesse ritmo.

Meu segundo cliente do dia tinha um sorriso largo, jeito tranquilão, conversa solta. Adoro gente alegre, sem travas. Logo ele veio comentando sobre ter lido o blog meia hora antes de me ligar. Rimos à beça sobre como minha vidinha pode ser escrota e engraçada. Olhando de fora, só pode. No motel, ele comentou que tinha feito umas comprinhas numa sex-shop antes de ir pra lá. Pensei comigo mesmo “Lá vai eu me melar de novo”. Nunca senti muita coisa diferente com todos esses cremes, pomadas e coisas mais que vendem nessas lojinhas. Mas também não me incomodo nem um pouco em experimentar coisas novas. Que mal haveria.

Então estava eu, deitado na cama, esperando tudo começar. De repente ele sai do banheiro com aquilo nas mãos, futucando algumas coisas dentro. Uma polchete daquelas com cinto, cheia de creminhos, bolinhas melequentas e pomadinhas geladas, estava na sua cintura. Toda hora ele tirava um treco diferente de dentro daquilo. Não sei por que, mas a cena me fez lembrar do Batmam e seu cinto de utilidades.

Tinha uma pomadinha azul. Uma rosa. Uma verde. Duas bolinhas marrons com líquido dentro, daquelas que se rompem dentro de algum lugar que nem quero imaginar. E tinha até um anel peniano de silicone, com uma paradinha grudada que vibrava. Pus o anel vibratório no meu pau junto com a camisinha e tendo espalhado todos os cremes em mim, nele, no teto e no controle da TV ao lado, a coisa começou.

Entendam. Existiam três ou quatro tipos diferentes de cremes e pomadas no meu saco e “adjacências” ¬¬. Chegou uma hora em que tudo começou a esquentar. TUDO mesmo. Então imaginem a cena: Meu saco pegava fogo, as adjacências pegavam fogo, meu pinto vibrava, o Batmam gemia, a mulher do filme gemia, eu gemia, a mão escorregava, a bunda dele escorregava, uma loucura.. Mas foi tudo bem, conseguimos chegar até o final. Vivos. Estou contando isso aqui porque sei que ele também vai rir muito disso.

Bom o terceiro cliente não rolou, mas acontece. Não esquento cabeça com isso.

Na quarta as coisas foram mais tranqüilas. Mas graças ao bom deus também tive dois clientes. Sei muito bem que nem todo mundo, nem todo garoto ou garota de programa tem trabalho todo dia. Eu mesmo tenho dias em que não saio com nenhum cliente. Tudo bem, confesso que são os dias em que estou mais ocupado com minha vida pessoal, por isso atendo menos ao celular. Eu também tenho dias de folga né.

Tenho alguns meses como “garoto”, quase um ano. E já tive minha fase bem “passa-fome”. Mas eu ainda trabalhava normalmente nessa época e dava pra me virar. Também nunca fui pobre. Mas desde que entrei no site de acompanhantes em que estou hoje, e isso faz dois meses, que não sei mais o que é folga. Acho que se todo mundo trabalhar direitinho, de forma correta, tratando as pessoas com respeito, de forma humana, e procurando entender de verdade o que o cliente procura naquele momento. Acho que se todos pensarem dessa forma conseguirão seu lugar ao sol.

Teve uma curiosidade nesse dia. O primeiro cliente, tímido e de papo legal, era baixinho e de jeito frágil. Mas me deu vários toques sobre como comprar o carro que estou querendo comprar. Valeu.

O segundo cliente me ligou no fim da tarde, quando estava comendo uma fatia de uma torta Negresco deliciosa na Saraiva, enquanto lia um livro. Eu sou chocólatra e me cortou o coração ter que deixar aquela fatia pela metade. Mas eu tenho contas a pagar e a torta e o livro ficariam pra depois. É assim, às vezes tenho que largar tudo e ir pegar um taxi pra tal lugar.

E a curiosidade do dia era. Se com o primeiro cliente ele era baixinho, com o segundo quem era o baixinho era eu. 1,93 m, ele disse. O cara era muito alto. Mas caiu na rede é gol. Gostei do AP, gostei do papo sobre psicologia, gostei. Adoro discutir sobre o comportamento humano.

Na quinta aconteceu o que acontece às vezes. Fico em casa e zero clientes. Entendam que quando digo que não “trabalho” no dia, quer dizer que de todos os vários telefonemas que recebo diariamente, acontece de nenhum cliente se decidir se vai ou não, se paga o que peço ou não, se aceita ou não as minhas condições. Uma série de coisas.

Mas pelo menos na quinta eu estava garantido. Pois na sexta, 04:10 da manhã eu embarcava num vôo para o Rio de Janeiro, pra passar o fim de semana lá. À trabalho, é claro. Um cliente, exclusividade total. Meu pé-de-meia estava garantido. A Ferrari agora viajaria pelo Brasil.

Mas isso eu conto amanhã..

Gabriel Ferrari.

Olhos que me cercam..




Olhos que me cercam..

Tem certas coisas na vida da gente que nos faz congelar, parar e refletir. Isso aconteceu comigo, minutos atrás, quando entrei aqui no blog pela primeira vez hoje para ver como as coisas estão indo. É de arrepiar.

Ontem, eu estava batendo cabeça na madrugada, tentando aprender a editar isso aqui. Acrescentar algumas coisinhas. Nunca tive um blog, um site, e estou me forçando a entender um pouco mais como tudo funciona. Daí que achei a paradinha ali da direita, o contador de “Visitantes”, uma coisa interessante e útil. Principalmente pra mim, que quero saber quantos loucos passam por aqui pra ler o que escrevo na madrugada. Tem um globinho da Terra girando também. Parece que ele mostra de onde alguém visitou o blog. Isso foi ontem de madrugada. O contador estava zerado.

Hoje, quando tive tempo de entrar na internet meia hora atrás, eu vi que as coisas eram mais sérias do que imaginava. Entrei no blog e fui logo com o olho no contador. Não sei quanto tempo fiquei calado, sem saber se ria ou ficava assustado. O contador marcava “93” visitantes. Em 24 horas. O globinho era mais interessante ainda. Dava pra ver pontinhos vermelhos na Europa, nos Estados Unidos e em diversas partes do Brasil. Quase todas as capitais estavam lá. Era incrível saber que pessoas em vários lugares diferentes do meu país estavam e talvez estejam lendo estas frases agora. Que gente lá fora, de alguma forma chegava até aqui. E gostaram ou não. Leram ou não. Mas estiveram aqui. Me senti um palhaço no picadeiro, sem saber se a torta na minha cara ia fazer o público rir ou debochar de mim.

Agradeço de coração, por doarem segundos, minutos de suas vidas a frases tão inseguras vindas de um simples ser humano sentado em frente a um computador.

(Ráááá.. Mas eu sei muito bem que vocês queriam era me ver nu em fotos picantes aqui, não é? Hãããmmm..)

Gabriel Ferrari.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Muito mais..



Muito mais..

Olá..

Primeiramente eu queria agradecer as pessoas que de alguma forma vieram até mim e elogiaram o blog, os textos e tudo o mais. É importante saber que tem gente que ainda para pra ler mais de três frases sobre qualquer coisa. E aos que comentaram também no blog, obrigado pela atenção dada a este que vos escreve.

É engraçado, mas algumas pessoas chegaram pra mim e começaram a dizer “poxa, além de ser GP você escreve muito bem”. Mas é claro, não é porque sou GP que não tenho cérebro, que sou uma pessoa anormal. Sei que alguns podem até deixar a desejar, é verdade, mas nem sempre se deve julgar um livro pela capa. Sou normal como qualquer outra pessoa. Tenho família, amigos, manias, uma vida pessoal, namorada. Sim, eu tenho uma namorada. Eu podia ser seu vizinho, primo, amigo, qualquer um. Sou igual e você. Não sou só um pedaço de carne exposta numa vitrine de desejos. Sou um mundo inteiro de idéias e experiências que todo ser humano é capaz de ter.

Quando comecei a ser um “garoto de site”, achei que seria interessante também ouvir o outro lado das coisas. Por isso fiz um endereço de MSN e coloquei à disposição de quem quisesse adicionar. O primeiro pensamento foi de que assim eu abriria um link, além do celular, onde as pessoas poderiam tirar algumas dúvidas e negociar um encontro com mais calma e discrição. Claro que eu sabia que teria de ser uma pessoa muito paciente e que encontraria muita gente querendo falar só bobagens e todo tipo de sacanagem. O que acontece.

Mesmo assim acabo conhecendo às vezes pessoas que merecem alguma atenção. Não por eu querer algum tipo de envolvimento, mas porque descobri que tenho um lado “antropólogo” muito forte. É mais uma mania. Adoro saber como as pessoas pensam, como se comportam sobre diversos assuntos. Suas opiniões, o que fariam em tal situação, o que pensam sobre isso ou aquilo. E já me peguei várias vezes debatendo todo tipo de coisa com gente que nunca vi na vida. O ruim é que sempre tem curiosos que não acrescentam em nada ou perguntam besteiras demais.

Não é minha obrigação estar ali, conversando com as pessoas. Faço mais porque é um ótimo meio de comunicação e esclarecimento que ajuda e muito o meu trabalho. Muita gente tem medo, vergonha de me ligar e perguntar algumas coisas. Entendo, e sempre tento ser o mais solícito possível, tanto no telefone como pela internet.

Então fica uma dica para todos: Aquele é um MSN de trabalho, não tenham medo de adicionar e por pra fora suas dúvidas. Só tentem ser mais objetivos e entendam que meu tempo felizmente é corrido. Falem o necessário, mas sem medo. Eu não mordo. E tenham paciência assim como eu, pois são mais de 700 pessoas adicionadas nesses dois meses, e às vezes não dou conta de responder a todo mundo.

E continuem lendo o blog, acessando o site com as fotos, adicionando no MSN, e até mesmo comentando aqui os meus textos. Isso faz a nossa amizade ficar muito mais prazerosa, se é que me entendem..

Gabriel Ferrari.

terça-feira, 12 de abril de 2011

127 anos..

127 anos..

Sim, eu sabia que era uma roubada, mas eu sou teimoso. E lá ia eu me fuder pela primeira vez. E olha que foi a primeira vez que tive nojo nessa aventura de profissão que escolhi. Não tenho distinção com os meus clientes. Atendo todo mundo, desde que não seja menor de idade, louco, ou tenha fugido de um asilo. Mas nesse dia eu esqueci a regra do asilo.

O endereço era no Rio Vermelho, próximo ao Bingo. Era meia noite, não costumo atender ninguém esse horário, mas fui porque o “salário” me agradou. E se eu não atendesse essa pessoa ela ia ter um infarto, literalmente, de tanto que me ligava.

Era uma casa. Na verdade um daqueles sobrados de dois andares, muito simpático por sinal, mas só. Retornei a chamada no celular e a voz do velho respondeu. Segundos depois ele vinha abrir o portão de ferro, e ali eu já vi que ia ser uma daquelas noites em que eu não devia ter saído de casa. Sou profissional, encaro qualquer parada, mas aquele velho parecia ter saído de um daqueles filmes de zumbi do George Romero. Ele dava passos curtos, arrastava os chinelos no chão. Pernas um pouco inchadas, algum reumatismo já morava ali. Alguns fios de cabelo balançavam solitários naquela careca enrugada, e um óculos de grau estava pendurado no nariz. O cheiro do cigarro chegou primeiro do que ele ao portão. Mas o mais “acolhedor” era a respiração dele. Respirava forçadamente e fungava o nariz todas as vezes. Devia ser daquelas pessoas que fumavam “50” maços de cigarro por dia. O vôvô acabava de ganhar o posto de pessoa mais asquerosa que já tinha encontrado, e graças a deus eu conto nos dedos de uma mão quantas eu já encontrei nessa vida. Ele em si, não era tão assustador, mas era o conjunto que fazia ele ser o vilão do meu filme de terror.

Entramos então, ele disse que aquela não era sua casa, que era um sobrado que ele iria alugar em breve. Ele tinha acabado de chegar também e quando passávamos pela porta da frente, me disse que não havia ligado o quadro de luz, pois o apartamento do térreo, nosso “ninho de amor”, estava em obras.

Não sei se agradeci aos céus naquela hora por não haver luz ou se amaldiçoava a hora em que havia atendido a chamada daquele velho que parecia ter 127 anos, mas a falta de luz me deixava mais tranqüilo. O velho não enxergava um palmo diante do nariz e eu tinha que iluminar o lugar com meu celular. Sim, o lugar estava em obras. Não havia muitos móveis e o chão estava com os azulejos todos em pedaços. Aquilo tinha cheiro de ambiente fechado, de pó das paredes lixadas e do cemitério de A volta dos Mortos Vivos. Horripilante. Um nojo. Tentei ligar algumas luzes, mas realmente nada acendeu. Encontramos o quarto onde eu iria pagar meus pecados. Uma cama de casal, lençóis e um guarda-roupa grande, marrom e velho. Tudo escuro. Só meu celular iluminava o lugar. Bem que podia acabar a bateria naquele instante. Perguntei onde era o banheiro enquanto o velho se ajeitava na cama.

Antes de milagrosamente encontrar o banheiro, tratei de percorrer todos os quartos, cozinha e corredores com a luz do celular. Tudo seguro, só restos de coisas. Até embaixo da cama do velho, olhei. No banheiro, também em obras, fui urinar. Estava apertado, celular na boca iluminando o jato do mijo. Terminei e fui até a pia na intenção de lavar as mãos. Mas ao apontar a luz do celular pro ralo da pia, três baratas gordas e macabras descansavam ali. E quem me conhece sabe o quanto "adoro" baratas, e vai me perdoar por ter desistido de lavar as mãos.

Sim, podia ficar pior. Eu tinha que comer o velho, era minha missão naquele filme. E ainda bem que tínhamos combinado só aquilo. Nada de liberdades, romantismo ou preliminares. Tirei a roupa e fiquei só de meias. Claro, eu não ia pisar descalço naquela cama e chão poeirento. Cadáveres de baratas adornavam os cantos do quarto e quando iluminei a cama, uma camisinha usada repousava perto do travesseiro. Naquele momento percebi na penumbra outros preservativos espalhados no chão do quarto. Não bom Deus, eu não deveria estar naquele lugar. Eu, acostumado a motéis caros, coberturas no Itaigara, aos bangalôs luxuosos do Hotel Pestana, estava ali, tirando camisinha usada da cama com a sola do sapato. Não, eu não deveria estar ali.

O velho ficou de quatro, uma bunda magra e peluda apontava para o teto. Ainda bem, pois daquele jeito eu mal triscaria nele. Pus a camisinha, me benzi disfarçadamente e fui. Ali começou uma viagem astral. Enquanto o velho fungava e gemia com a cara enterrada no travesseiro, eu estava em Urano, no Havaí, Fernando de Noronha, ou qualquer lugar bem distante dali. Queria ver algum puritano dizendo que ganho a vida “fácil” nessa hora. Foram dez minutos de meditação Budista até o velho gozar. Fingi um orgasmo segundos depois, temendo que aquela cena tivesse que continuar. Ali confesso que ganhei um Oscar. Nunca precisei fingir um, mas pra tudo tem uma primeira vez.

Sai da cama e fui andando até a cozinha. Que cena. Eu, nu, de meias e um celular-lanterna na mão. Cada vez que a luzinha do celular desligava era como se o Freddy ou o Jason fossem pular da escuridão. Na cozinha lavei o rosto e a virilha, único lugar onde aquilo tinha encostado em mim. Voltei ao quarto e enquanto vestia a roupa o velho falava que ia me ligar de novo, que ia me chamar sempre. Eu apenas assentia com a cabeça e dava aquele meu sorrisinho simpático de sempre. O número dele tá aqui salvo no celular. Sabe quando vou atender ele de novo? É, vocês entenderam. Me despedi do cliente no portão e rezei pra encontrar um taxi o mais rápido possível.

Entendam, normalmente não tenho essas surpresas. Todos os clientes que atendo são pessoas normais, agradáveis, e nunca tive situações desse tipo. E agradeço a todos por me ajudarem a construir meu futuro. Mas às vezes acontecem essas coisas, que olhando agora, interpreto como engraçadas experiências.

Mas quando cheguei em casa naquele dia, passei uma hora no banho, gastei um sabonete inteirinho, e minhas meias foram pro lixo sem pensar duas vezes, rsrsrs..

Gabriel Ferrari.

Tá lisinho, tá lisinho, pra ganhar beijinho!

" Tá lisinho, tá lisinho, pra ganhar beijinho! "

Ai, ai. Coisas do carnaval. Outro dia começou essa história do Bel, do Chiclete, e a sua barba que, pelo amor de deus, mostra o quanto a mídia se esforça pra mostrar conteúdo nessa Bahia. Mas vá lá, tudo vale no Carnaval, qualquer coisa que chame atenção da multidão, vai ser explorada pela imprensa. Seja a mulher maravilha, o gugu dádá, ou o vô não quero não, posso não ter paciência em ouvir tudo isso. Mas a gente escuta né?! Porque, na Bahia, se você não vai até o axé, ele vai até você.

Pois bem, então, aproveitando a deixa dos chicleteiros, vou fazer um comentário sobre os famosos pelinhos indesejados, ou desejados, como queiram. Isso mesmo, aqueles lá de baixo que, tanto no homem como na mulher, causam-me certa repulsa. Ora, não é que me causem nojo, mas convenhamos, eles não servem mais e atrapalham principalmente a visão. E, nós homens, sabemos que a primeira coisa que nos atrai é a visão. E se está tudo lá escondido, embolado, emaranhado, enrolado, arranhado, atrapalhado, suado. Não, não vai causar um bom resultado. Porra, se tem uma coisa me dá um tesão é chegar e ver aquelazinha toda lisinha, mamãe, toda à mostra, com sua boca pronta pra me beijar, escorrendo, suando, rosinha, morena, ou negra. Tanto faz, mas eu quero é ver a coisa. Isso me dá tesão. Uma buceta raspada.

Eu, particularmente, tenho sérias preocupações com higiene pessoal. Gosto de estar sempre limpo e cheiroso, em todas as partes, rsrsrs.. E todos nós sabemos que os pelos acumulam suor, cheiro, sujeira, mijo, gozo, cebo.. Nossa, só de pensar..

O lance é que muita gente ainda não se toca disso, não tem costume ou paciência de ir lá e aparar o brinquedinho. Se todo mundo cuida tanto da aparência hoje em dia, treina horas na academia, faz chapinha, escova inteligente, progressiva, regressiva, toma bomba, toma sol, carro caro, cremes, maquiagens, roupa cara, por quê, meu deus, por quê não cuidam da aparência do pau e da buceta?

De que adianta tanto esforço pra pagar de gatinho se dentro da cueca esconde uma floresta, o tarzan e um cipó que, às vezes, nem é tão grande assim. De que adianta ser a Gisele, rebolar num salto alto e na calcinha ter uma navalha, pronta pra arrancar a cabeça do seu pau? Quem nunca sentiu uma fisgada quando o pentelho prendia na borda da buceta? Qual foi a mulher que nunca sentiu nojo quando teve que meter a boca num pau e ficar com o nariz e os olhos enterrados num ninho de pelos suados e sebentos? Passar a língua num bolo de cabelos? Aloouuu vamos acordar, minha gente.

Eu digo que não custa nada parar cinco minutinhos no banho e clarear um pouco as coisas. Te garanto que vai mudar muita coisa na hora do sexo. Tudo bem que tem gente que gosta das coisas ao natural mesmo. Eu entendo. Também não sou tão radical assim. "Mas se você quer ganhar meu coração, espera que já tenho a solução, vem lisiiiinha, lisiiiinha..."  que eu fico louco de tesão.. rsrsrs..

Gabriel Ferrari.