quarta-feira, 29 de junho de 2011

Multimídia

Multimídia

Bom, e quem viu, viu, quem não viu, perdeu. Hoje eu estive na rádio Transamérica no programa Conexão Transamérica. Acabei de chegar de lá. Peço desculpas, pois não conseguir avisar antes aqui no blog, com mais detalhes. Mas eu já tinha comentado antes, então quem prestou atenção, pode curtir junto comigo aquela galera sensacional do programa Conexão. Escutem, que é bem bacana.

Conexão Transamérica
100.1 Fm Salvador
De segunda à sexta, das 18hs às 19hs.
Com Ildásio Jr.

Depois vou ver se consigo um link desse programa pra colocar aqui no blog pra vocês escutarem. E obrigado a todos os ouvintes que participaram, fizeram perguntas e riram junto com a gente. A entrevista foi show de bola.

...

Ontem recebi um telefonema também, à tarde. Era uma moça da TV Salvador, me convidando a participar de um programa que eles exibem na TV. A temática do programa nesse dia seria a “traição feminina”, o que leva as mulheres a trair seus companheiros, por que elas traem. E eles tiveram a idéia de me chamar, um garoto de programa, pra conversar sobre um dos artifícios que as mulheres usam para trair os homens. Algumas mulheres na hora de trair procuram um garoto de programa para tal.

Eu fui meio relutante para aceitar o pedido, afinal não quero e não posso me mostrar publicamente desse jeito, não quero mostrar meu rosto. Se eu fosse sozinho nesse mundo, não haveria problema, mas eu ainda prezo pelo que o mundo pode despejar na minha família, namorada e amigos. Infelizmente, uma parte da sociedade ainda é hipócrita. Por isso é melhor ser discreto, e preservar a quem me rodeia.

Mas acabei indo, aceitei participar. Mas com uma condição, eu não poderia mostrar meu rosto. Então lá fui eu, no fim da tarde, para o estúdio da TV Salvador. Lá eu soube que seriam três apresentadoras, três, me fazendo perguntas. Conversando sobre o tema.

Mas foi ótimo, tudo correu bem, o pessoal foi fantástico. As três sentadas ao meu lado, e eu de costas para as câmeras, usando um capuz de camisa, na pegada do “Mr. M.”. Foi tenso, na hora fiquei meio travado, mas depois me soltei e ai a coisa fluiu legal. Parabéns meninas pelo programa, obrigado por tudo. Como o programa não foi ao vivo, ele ainda será exibido na semana que vem, eu acho. Prometo que aviso o dia certo.

“Resenha Feminina”
TV Salvador


...

Deixando as notícias de lado, você que acabou de entrar no blog pela primeira vez, seja bem-vindo. A casa, ou melhor, a cama é sua. Este blog é um espaço que eu criei há quase três meses, onde escrevo sobre minha rotina de garoto de programa, com muita descrição e um toque de reflexão. Aqui você não vai encontrar só o “bê-a-bá” do meu sexo, mas algumas idéias bem interessantes pra gente conversar.

Se quiser conhecer os textos antigos, é só dar uma olhadinha na parte direita do blog, onde tem “Arquivo do Blog”. Lá você encontra todos os textos aqui escritos. Separados por mês. Espero que se divirtam.

E muito brevemente, os textos habituais estarão de volta, a nossa resenha continua. Agora perdi minha virgindade total, já apareci no jornal impresso, na rádio, e na TV. Tô “chique no úrtimo”.

(Em breve, mais uma novidade no site www.eliteboy.com.br , ai vem o Elite Dreams , um mistério ainda, rsrsr.. Um abraço.)

Gabriel Ferrari.

terça-feira, 28 de junho de 2011

O inocente..


O inocente..

- Onde eu te pego?

Explico a ele onde deve me encontrar. -..chego em vinte minutos.

Minutos depois eu descia do taxi no local marcado. Andei alguns metros e vi o carro branco estacionado. Carrão de luxo. Fiz um sinal ao me aproximar e ele confirmou. Era ele.

Entrei, sentei, cumprimentei. Ele veio logo me dizendo que teríamos que esperar ali, iríamos para a sua casa e ele ainda morava com a família. Tínhamos que esperar o pessoal ir dormir.

Meu instinto dizia que era uma furada. Mas eu era paciente. Conversamos e depois um tempo o assunto foi ficando meio estranho. O papo era legal, ele parecia ser gente boa. Me contou um pouco da sua vida e então depois começou a falar do meu futuro, que queria me ajudar com isso. Que me achou gente boa e queria me arranjar um emprego.

Naquele dia lembro que me cérebro devia estar trabalhando pela metade, que devia estar rolando alguma greve de neurônios. Eu vacilei. Acreditei. Cai na conversa do bom samaritano.

Isso aconteceu há muitos meses atrás, perto do começo de tudo. Eu ainda era um pouco inocente, ainda acreditava na boa fé das pessoas.

O rapaz, jovem, parecia ser mais novo que eu, disse que era filho de um político da cidade, um deputado. Ele deu tantos detalhes da vida dele que fui acreditando. Falou da infância até os dias de hoje. Do trabalho que fazia junto ao pai. Da sua fama de bom moço. E eu fui caindo.

A história do tal emprego era muito boa, ele queria me colocar de assessor do pai dele. Que o trabalho era fácil e ganhava muuuito bem. Eu desconfiava claro, quando a esmola é demais o santo desconfia. Analisava cada frase, cada tom de voz, desconfiava. Mas eu fui enganado mesmo assim.

Eu acreditei na boa vontade daquele jovem riquinho e de boa índole. Seu carro caro e suas frases eloqüentes iam confirmando sua nobreza. Conversamos um bom tempo. Eu até me abri também, e depois agradeci a intenção de querer me ajudar.

Ele disse que eu tinha de entregar um currículo meu pra ele no outro dia. Que ele mexeria os pauzinhos e conseguiria o tal emprego pra mim. Eu pensei, não custava nada tentar né, esse menino pode estar mentindo, mas não custa nada tentar.

Conversa vai, conversa vem, ele pede pra me chupar. Ali mesmo dentro do carro. Eu já esperava por isso, sabia que não iríamos mais pra nenhum motel, nenhuma casa. Mas eu jamais tinha feito isso num carro. Jamais tinha trabalhado longe de um quarto.

De início não aceitei. Mas ele insistiu. Estávamos parados numa rua escura, os vidros tinham o adesivo protetor e realmente ninguém ia ver. Ai eu deixei, fazer o que.

Depois de nos recompormos conversamos mais um pouco. Marcamos outro encontro para o dia seguinte. Ele acabou me deixando próximo a um taxi e eu fui embora.

Sem dinheiro algum no bolso. Além do meu, é claro. Ele disse que era melhor pagar no outro dia, quando eu lhe entregasse o currículo. Eu, bobo, acreditei. Como eu era lerdo naquela época.

Cheguei em casa com mil coisas na cabeça, pensando em futuro promissor, bom salário e promessas de mudança. No dia seguinte corri para imprimir um currículo novo. Olha só o que as pessoas são capazes de fazer.

No horário combinado nos encontramos. Entreguei o papel. Conversamos mais um pouco e marcamos outro encontro para algumas horas mais tarde. Voltei pra casa novamente sem ver a cor do dinheiro.

A noite chegou e nada da ligação. Meia noite, nada. Madrugada, nada. Até liguei e mandei mensagem. Mas nem sinal de vida. No outro dia a mesma coisa. Eu já sabia o que tinha acontecido né, não tinha dúvidas.

Ele sumiu. Eu já esperava aquilo acontecer, lá no fundo a gente sente. Mas eu gosto de acreditar que no mundo ainda há esperança, que ainda existem pessoas de bem. Mas às vezes a gente se engana.

Dois dias depois o jovem contador de histórias me manda uma mensagem se desculpando, dizendo que teve que viajar de última hora. Pede desculpas e diz que vai ligar de novo. Vocês acham que eu esperei alguma ligação? Claro que não. Eu posso cair uma vez, mas duas nunca.

E nunca mais ele me ligou. Eu me chateei, mas deixei pra lá. Uma coisa que eu tenho é paz de espírito. Essas coisas nunca me abalaram. A vida já me ensinou a ficar calejado. Esteja sempre preparado para ouvir um não.

Eu poderia ser vingativo e dar o troco. Quando a gente quer consegue tudo. Poderia ir checar se ele era filho mesmo de quem dizia ser e assim chegar até ele. Ou poderia criar uma notícia bem quente para os jornais. Poderia tanta coisa.

Mas não sou assim. Prefiro deixar que a vida pague aquela pessoa com a mesma moeda. Não sou perder meu tempo prejudicando alguém.

Mas isso aconteceu há muito tempo atrás. Pois é, eu também me fodo às vezes. Só que hoje não caio mais em historinhas, não vacilo mais assim. Quem me conhece sabe que hoje tenho uma postura um pouco militar até, sigo algumas regras, existem alguns limites. Pra que tudo aconteça da melhor forma possível. Hoje esse papinho não colaria de novo, né.

Mas é com os erros que se aprende. O tempo ensina a gente. E um dia todo mundo aprende. Até aqueles com pedras nas mãos. Mentiras nos bolsos. Todo mundo aprende.

Gabriel Ferrari.

“ Comunicado ”


“ Comunicado ”

Ahhhhhhhhhh.. Que delícia, agora ouço até o som dos grilinhos lá fora. Nenhum grito, nenhuma pedra na janela, ninguém tocando a campainha da porta. Que silêncio..

Agora está bem melhor.

Então tá, vamos começar de novo nosso bate papo. Obrigado as pessoas que sempre entenderam pra que existe este blog, isso é por vocês. E pra quem não reparou ainda temos uma pequena mudança aqui. Agora eu serei mau, chega de aluno chato fazendo barulho na sala de aula.

Gosto de dar liberdade às pessoas, deixar o povo falar. Mas quando as coisas ficam chatas como estavam, preferi colocar uma “camisinha” no blog. Agora os comentários aqui serão moderados. O que quer dizer isso? Quer dizer que agora todos os comentários passarão pela peneira do bom senso. Eles só serão publicados se eu permitir. Prefiro assim do que fechar de vez os comentários.

Todos ainda poderão comentar da mesma forma, se identificando ou como anônimos, normalmente como antes. Mas eles não serão publicados no mesmo instante, somente depois que eu permitir. Não se preocupem, podem criticar, críticas servem para o aprendizado de todos. E pra saber como vocês pensam também.

Só que as críticas e ofensas desnecessárias, exageradas, e principalmente, sem fundamentos lógicos, todas elas irão para o inferno e lá aguardarão seus respectivos donos na hora certa. Assim espero.

Ai nêgo vai dizer, “Ahhhhhh, agora vai perder a graça, não vai ter mais polêmica, magoei..”. Não, não quero isso. Quero o bafão rolando, só que de maneira mais construtiva, com argumentos verdadeiros, sobre assuntos que mereçam nossa atenção. Se algumas pessoas não entendem o que digo, vão continuar assim. Burras e infelizes.

Vale criticar, só não fode.

Assim vamos poder continuar caminhando e cantando e seguindo a canção. Quem sabe um dia libero o zoológico de novo, quem sabe. Mas por hora, vamos todos usar camisinha aqui.

Estou escrevendo, amanhã talvez deva ter novas lorotas por aqui..

Gabriel Ferrari. “Aos que valem à pena..”

sábado, 25 de junho de 2011

Tanto faz..


Tanto faz..

Pela primeira vez tive vontade de excluir esse blog.

Vocês querem que eu seja bi, homo, o caralho, então tão tá. Sou. Mas pra vocês. Só pra vocês.

Acho que vai demorar um pouco para voltar a escrever aqui.. É uma pena.

(Pra quem perguntou, fotos novas na primeira semana de Julho.)

Gabriel Ferrari.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

“Veritas Vox Vita”


“Veritas Vox Vita”

Meus queridos, obrigado por se importarem tanto comigo. Mas vejo que estão perdendo o foco da coisa. Eu escrevo neste blog, não para falar da minha sexualidade, mas sim do meu trabalho e o que gira entorno dele. A minha opção sexual está fora de questão nesse caso. Porque eu sou eu, e Gabriel é Gabriel.

E novamente repito, o que eu faço não é o que eu sou.

Não vejo mal algum em uma pessoa gostar de outra do mesmo sexo. Assim como não vejo maldade quando encontro um casal de pessoas negras e brancas. Quando um asiático gosta de uma americana. Quando um rico gosta de um pobre. Quando um bonito gosta de um feio. Quando um argentino passa a amar uma brasileira.

Eu amo a liberdade expressão, a liberdade de qualquer grilhão imposto. E acima de tudo, defendo muito a verdade das coisas. Gosto de ser sincero doa a quem doer. Quem me conhece já sabe disso. Jogo limpo. A verdade pode ser sensual também.

E é com verdade que sempre escrevi neste blog. É com verdade que sempre defendi minhas idéias na vida. Meu trabalho é muito discutido, e muito mal interpretado. Principalmente pela grande maioria não conhecer como funciona. E ai todo mundo tira a conclusão que acha, com as informações e conceitos que tem.

Não vejo mal em dividir um pouco dessa verdade com vocês. Procedimentos, situações, escolhas, curiosidades, experiências e algumas coisas que muitos nunca souberam. Estou de peito aberto aqui, contando a historia. Mas não por mim, não. E sim por vocês, que se dividem em opiniões diversas em relação a isso.

Talvez eu tenha um pouco de professor dentro de mim, tentando a todo custo explicar matemática para quem não sabe contar. Às vezes me vejo sendo um cientista de mim mesmo, buscando conhecimento, explicação pra isso ou aquilo, tentando evoluir cada vez mais como ser humano. E tenho total consciência de que é uma jornada sem fim. Sempre vou buscar mais e nunca será o bastante.

Então acabo levando essa vontade de saber das coisas pra vocês também, procurando alimentar a fome do conhecimento daquilo que é desconhecido. Muitos jamais vão enxergar essa intenção. Outros só vão enxergar a superfície da mensagem que quero passar. Outros nem vão querer ouvir, vão simplesmente recusar e repudiar. Vão se fechar no seu mundo e fazer essas palavras virarem hieróglifos diante dos olhos. Alguns não mudam.

Os meios para eu conseguir realizar o meu trabalho, ficar de pau duro, ter uma ereção, são dos mais variados. Eu posso rezar para Alá pra que ele levante a minha “montanha”. Posso contatar seres de outros planetas e pedir que estiquem a minha “sonda”. Posso também me ligar espiritualmente a alguma entidade e implorar que tome meu corpo e faça dele um instrumento de prazer. E posso pedir pro coelhinho da páscoa dançar funk em cima da cama, pra eu ficar excitado.

Sério, vocês não querem que eu venha aqui escrever sobre isso né? Quando você pensa numa loira bem gostosa você não fica com tesão? Quando você pensa num homem saradão e pauzudo, você ai sentado também não fica com tesão? Pois é. O corpo humano reage a estímulos, seja ele vindo de uma mulher, de uma revista de mulher pelada, de um filme erótico, de uma experiência vivida, de um objeto qualquer, de uma posição do seu corpo, do jeito como algumas coisas encostam em suas partes íntimas. O corpo reage.

E todos nós sabemos que nessas horas somos levados pelo instinto. Às vezes fazendo loucuras, como um pai abusando da filha. Ou uma mulher traindo o marido. Ou enfim, levando um homem a transar com outro, ou uma mulher a transar com outra. A reação ao instinto nos leva a isso. Não que seja suficiente para mudar meus conceitos sexuais e opções.

Existem outros meios de ter uma ereção também, outros artifícios, mas isso já faz parte dos arquivos do FBI (risos).

Ter um ereção ou não, sentir tesão NA HORA do sexo, quando os estímulos te fazem “funcionar”, não quer dizer que seja gay, um et, uma entidade, ou o coelhinho da páscoa. Eu continuo sendo o mesmo de sempre. Apenas fiz meu corpo e pênis reagirem à situação. Seja ela com um homem ou uma mulher.

Algumas pessoas estão se preocupando muito com minha sexualidade e não vejo por que. Eu sou muito bem resolvido. Eu sei e sempre soube quem eu era. Deviam gastar mais tempo aproveitando mais outras coisas neste espaço aqui.

Muita gente acaba me dizendo pra não rebater, não se importar, não perder tempo com essas questões. Eu concordo. Isso não me abala. Eu vejo até graça quando leio comentários absurdos. Assim como fico feliz quando pessoas compreendem a mensagem que quero passar.

Mas eu sou turrão às vezes, gosto de colocar pingos nos “is”. Não consigo ver uma coisa errada e não ir lá concertar. Esse é mais um dos meus “TOCs”, e eu tenho vários. Não consigo me segurar quando leio uma sandice.

O debate é válido, sim. Mas o debate a coisas importantes, a causas interessantes que nos façam evoluir. Se eu sou isso ou aquilo, tanto faz. Eu sei quem eu sou.

Enquanto vocês apontam o dedo querendo à força explicar que estou errado, eu apenas sinto pena. Enquanto vocês, inquisidores, trazem explicações e salmos para os comentários, eu estou jantando num restaurante com minha namorada. Comendo uma enchilhada de frango defumado num restaurante mexicano.

Enquanto vocês, sentados e acomodados na sua concepção das coisas tentam me descrever como querem, eu estou curtindo um cineminha com minha princesinha, comendo pipoca e rindo do mostro na tela gigante.

Enquanto você, que acha que o azul é verde, me limita, eu estou embaixo do edredom com ela namorando, curtindo. Ela sabe quem eu sou. Eu sei quem eu sou. Mas você talvez nunca vá saber..

Porque sua mente limitada não vai deixar.

Já teve clientes que me falaram para ter mais cuidado com as palavras, e eu tenho. Tenho muito cuidado com o que escrevo. Talvez alguns não tenham é o devido cuidado na hora de ler.

Se eu me censurar, não serei eu mesmo. Se eu só falar de borboletinhas no jardim, não serei eu mesmo. Se eu fizer do blog um simples diário pessoal, seria infantil, seria muito pouco, e também não seria eu mesmo.

Minha opção sexual, não torna meu trabalho inferior, não me faz uma pessoa fria, nem preconceituosa. Eu consigo entender as necessidades de cada um, buscando assim satisfazê-las. E isso não é difícil pra mim, eu fico feliz com a satisfação de quem me procura. Não só por dinheiro, hoje vejo que este trabalho não é só por dinheiro. Mas sim por ser capaz de transformar, mesmo que por poucos momentos ou por muitos, outra pessoa. Seja lá fazendo gozar ou mudando muito mais.

Estar bem sexualmente significa estar bem consigo mesmo. Melhora a auto-estima, realiza fantasias, renova um relacionamento, tantas outras coisas simples e que agradam o ser humano. Viver bem é estar bem consigo mesmo. E se eu posso ajudar, que assim seja.

E eu estou cada vez melhor comigo mesmo. Ontem fui comprar meu carro finalmente. Foi uma correria, mas valeu à pena. Só não estou com ele agora porque precisam colocar os bancos de couro que escolhi. É mais uma realização pessoal que pra uns pode ser pouco, mas pra mim significa muito. Mas ainda existem muitas outras metas que quero alcançar.

Esta é uma fase passageira, um trabalho passageiro. É claro que penso no futuro, em ter outra profissão, criar uma família. E é por isso que estou onde estou, porque por um momento foi como escolhi conquistar meus objetivos. E estou muito bem, obrigado.

Mas não se preocupem que continuarei escrevendo. A rotina do Gabriel continua, muita coisa ainda será contada. Tenham certeza de que ainda vão conhecer muito mais do que já encontraram. Porque a gente cresce, eu e você, e quem sabe um dia você vá me entender.

(Parece que a entrevista na rádio acontecerá na quarta-feira, dia 29/06, entrarei depois em mais detalhes.)

Obrigado pela sua audiência. “Anarriê..”

Gabriel Ferrari.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Só rindo..

Só rindo..
 
Calma, não cortem os pulsos ainda. Ainda estou por aqui.
 
Eta que rendeu assunto o último texto heim.. Se eu não fizesse logo outro vocês iam acabar se matando. Ou eu mataria alguém, se a vontade não tivesse passado. Em meio a tantos comentários eloqüentes eu só tenho é que ficar feliz. Feliz porque a graça disso tudo, é o debate. É ai onde mostramos quem somos e como pensamos. E vocês debateram que só.
 
Acho muito interessante o que acontece aqui. Além da minha rotina, dos encontros e dos lugares, encontramos assuntos polêmicos ou não, e fazemos disso aqui uma mesa redonda. Um púlpito aonde cada um vem e diz o que quer, seja concordando ou não. Mas entendo que até mesmo as críticas servem pra alguma coisa.
 
"Então pensem, que digam, que falem, deixem isso pra lá.." E vamos deixar pra lá, e seguir em frente. Não vou mudar o mundo, muito menos o mundo vai me mudar.
 
O bom é que com essa algazarra toda, alguns dos meus clientes começam a trazer suas opiniões e comentários até mim. E as horinhas que passamos juntos num quarto de motel vão muito mais além do que só sexo. Travamos conversas memoráveis, diga-se de passagem.
 
Sim, estou sendo pago às vezes só para conversar e discursar sobre como pensa e funciona o "motor" da Ferrari.
 
Encontrei outro dia um cliente, um cara jovem, e de bom papo. Foi a primeira vez que nos encontramos. Ele ainda não me conhecia, não conhecia o blog, e se mostrou super curioso quando me viu todo falante.
 
Batemos um longo papo e enquanto caia a água do chuveiro eu ia contando como era a minha vida e como lidava com as coisas em volta dela.
 
Engraçado, mas muita gente acha que tenho uns dois metros e oitenta de altura e que meus músculos saltam pela camiseta dando inveja no Schwarzenegger. Ou aqueles que nunca souberam do blog e acham que só sei falar "bom dia, boa tarde, boa noite, empina a bundinha, vira a perninha, foi bom pra você?"
 
Dai quando chego no quarto e dou uma surra de Freud nego fica de queixo caído. Mas eu sou assim mesmo, me expresso de uma maneira, que creio eu, acaba quebrando paradigmas e conceitos apressados que as pessoas tomam pra si. E eu adoro surpreender as pessoas.
 
Mas eu também sou agraciado com almas boas que acabam cruzando meu caminho nessa jornada. Já foram tantas pessoas nesses meses todos, tantas, e cada uma me ajudou a chegar onde estou hoje. Cada centavo que eu recebi não foi um simples trocado, ajudou a pagar aluguel, conta de luz, telefone, a comer, me vestir, ajudar em casa, e até o meu bendito e amarrado carro, que em breve fará parte de mais uma conquista. Cada uma dessas pessoas ajudou um pouquinho esse garotão aqui dar os passos largos que dá hoje.
 
Mas a estrada é longa e dura é a caminhada. Sempre encontrarei obstáculos querendo me derrubar, tentando de todas as formas desprezar a vida que tento dar a coisas nem sempre bem vistas, como o meu trabalho. Existe muito mais além de tudo isso.
 
Talvez só eu enxergue, talvez consiga abrir os olhos de alguns. E talvez cause inveja em outros tantos, não sei. Mas eu não vou cair. Não vou perder o meu charme. Vocês não merecem isso.
 
Escuto até que sou capaz de ajudar pessoas, sem querer acabo dividindo momentos que trazem felicidade para alguém além das expectativas, que fazem esquecer um dia chato no trabalho, uma trava emocional desnecessária, ou até mesmo uma grande perda ou um sorriso esquecido. Eu me arrepio só de imaginar.
 
Nunca quis ser o "tylenol mágico" que vai salvar o mundo, quem sou, mas acabo ouvindo isso quando menos espero. Quando eu acho que não fiz o bastante para merecer aquele elogio, aquele sorriso ou aquela lágrima. E ai eu fico sem jeito.
 
Mas também me divirto viu, como o que aconteceu ontem a noite. Foi no quarto de motel. Na verdade quase todas as minhas histórias são sobre o que acontece naquelas quatro paredes.
 
Então eu e o cliente estávamos empolgados, chegamos e ele pediu que eu ligasse aquela banheirinha de hidromassagem. Eu fui lá e girei as paradinhas né. A água foi caindo e enchendo a banheirinha.
 
Ficamos na cama, entretidos com o movimento dos lençóis. Conversa vai, conversa vem, quando de repente percebemos que estávamos ilhados. A água havia transbordado e o quarto parecia a marginal do Tietê em dia de chuva. Água para todos os lados.
 
Tudo molhado, encharcado, a água tinha alcançado o banheiro, e já devia estar causando transtornos nos corredores internos do motel. Eu ri, é claro. Tapado que sou não tinha ido desligar as torneirinhas.
 
Minha companhia também tirou de letra aquele imprevisto, chamou alguém no interfone para enxugar o quarto enquanto fomos esperar no chuveiro. Voltamos e fomos enfim usar a tal banheira. Entre sais de banho e doses de uísque nós relaxamos.
 
Da banheira voltamos pra cama e minutos depois, por incrível que pareça, São Paulo estava novamente debaixo d'água. A banheira quis tirar uma com a nossa cara essa noite. Tudo molhado de novo.
 
Dessa vez não tivemos coragem de chamar a camareira novamente, eu já imaginava o ódio dela de longe. Então demos um jeito.
 
Se alguém pudesse ter visto aquela cena ia rir até agora. Dois homens nus, arrastando toalhas encharcadas com os pés, dando aqueles passinhos engraçados quando arrastamos um pano de chão. Eu ria de mim mesmo enquanto erguia móveis e cadeiras tentando secar aquele rio que inundava o quarto.
 
Ele disse:
- Pelo amor de deus, não coloque isso naquele blog. - rindo comigo.
- Não, imagina, relaxe que só vai ficar entre nós. - eu disse, sem conseguir esconder um riso maléfico no rosto.
- Você não vale nada, Gabriel..
 
E rimos daquilo tudo, rimos. E é assim que vou seguindo a vida. Rindo para a vida não rir de mim. Rindo para os que riem dos outros, da cara dos outros. Da vida dos outros. Vou rindo.. Rindo.
 
Gabriel Ferrari.

sábado, 18 de junho de 2011

Um desabafo..


Um desabafo..

Ah, a fraqueza do ser humano.. Aquilo que se agarra na cultura do homem fazendo com que ele não evolua e não se adapte ao conhecimento que ronda no ar. Porque as pessoas se esforçam tanto para se manterem no mesmo lugar? Porque fazem tanta força para serem tão pequenos?

Não digo todos, não, uma parte boa da civilização consegue enxergar a luz no fim do túnel. Mas ao mesmo tempo em que o ser humano me fascina ele me entristece também. A forma limitada de se expressar para o mundo quando encontram dificuldades em assimilar algo que não compreendem é de se lamentar.

E o que o ser humano não compreende? O que o faz revidar quando confrontado? A verdade é que o homem não aceita ser superado. Ele não compreende outra pessoa querer mudar o seu mundo. Ele não aceita que tudo aquilo que acredita possa estar errado. Seu julgamento tem de ser soberano e no fundo ele sempre estará certo.

Mas o homem está errado.

O homem nasceu para se superar, sempre. E aqueles que acreditam terem chegado à consciência plena das coisas esquecem que estão traindo a si mesmos. Não vê que está indo contra a natureza, limitando-se a tomar como verdade os valores e opiniões que sua acomodada consciência lhe permite. E ai o homem se limita.

E com o falso direito de ser dono da verdade, ele julga. Ele condena. Ele discrimina. Ele despreza. Ele não aceita.

Não acredita que outras pessoas podem ter superado seu modo de enxergar o mundo. Que outras pessoas possam ver além dos seus olhos inquisidores que a tudo tentam repudiar. Não seja aquilo que te limita. Não lute contra o que não compreende. Que não faça parte dele, mas que entenda que ele pode fazer parte de você.

É da natureza do ser humano superar seus obstáculos, intelectuais ou não. Não lute contra isso, não permaneça estático no seu mundo de "pré conceitos" tomando por anormal aquilo que ainda não compreende.

O que eu faço no meu trabalho é atender às expectativas do desejo sexual de quem me procura. Eu vendo sexo. Vendo a minha companhia. E faço isso porque sei fazer. Porque acho que posso dividir com as pessoas. Porque não sou um hipócrita preconceituoso e de mente pequena que acha que isso não é possível.

Muitas coisas são possíveis neste mundo. Eu sou uma pessoa muito bem resolvida comigo mesmo. Sempre fui corajoso nas minhas decisões e sempre tive uma mente aberta pro mundo. Nunca fui preconceituoso com as diferenças da humanidade.

Saiu a matéria sobre mim no jornal e com isso fiquei exposto a todo tipo de crítica e elogios. Não quero elogios por ser um garoto de programa. Quero é estar mostrando as pessoas que nem tudo é o que parece ser. Quero que vejam o outro lado das coisas. Quero mostrar o quanto o ser humano pode ser surpreendente se a gente se permitir olhar.

Mas fico triste com algumas coisas que se resultam disso. Não entendo porque um detalhe ocupa tanto a atenção dos insatisfeitos. Por que a minha sexualidade está sendo debatida quando tantas outras coisas são mais importantes?

Um comentário aqui no blog sugere que se eu faço sexo com um homem no meu trabalho, quer dizer que eu sou homossexual.

Bom, deixa eu clarear um pouco as coisas em relação ao trabalho de um "garoto de programa".

Uma mulher decide ser prostituta. Ela sabe que pode ganhar dinheiro vendendo sexo, e por isso ela decide tornar-se uma. Pra ganhar dinheiro mesmo.

Então ela passa a ter relações sexuais com pessoas que a procuram, e em troca ela recebe um pagamento por isso. Um comércio. Um trabalho. Onde você presta um serviço, e recebe um pagamento pelo mesmo.

Mas assim como gosto e estilo são diferentes pra cada um, o desejo sexual por pessoas do mesmo sexo existe e é fato. A mulher prostituta do nosso exemplo sempre gostou de homem, sempre foi heterossexual. E por sua vontade ela sempre será.

Mas no trabalho dela está aberta a possibilidade de outra mulher querer os seus serviços. Ora bolas, se fazer sexo é o seu trabalho, que não é forçado a não ser pelo interesse de ganhar dinheiro, ela pode muito bem aceitar ou não atender ao pedido da cliente mulher. E ela aceita, porque conduz de maneira profissional e sem preconceito a situação.

Isso faz então a prostituta ser uma homossexual? Uma lésbica? É o trabalho dela ali, seu gosto sexual, afetivo, não está em questão. Ela está ali para satisfazer, agradar, compartilhar. Suas opções sexuais e gostos são deixados de lado enquanto atende a sua cliente. O modo como trabalha não interfere na sua vida pessoal. Não interfere em quem ela é. Ela sempre continuará sendo a heterossexual que sempre foi.

E assim acontece com o homem na prostituição também. Ele está ali vendendo sexo, prazer, companhia, que nem a mulher prostituta. Com o mesmo desejo de ganhar dinheiro e melhorar de vida se tiver sucesso. O homem neste caso também pode ser heterossexual, pode se sentir atraído e desejar somente o corpo feminino, a relação afetiva entre um homem e uma mulher.

E como é de se esperar ele também vai encontrar outros homens querendo seus serviços. E também como a mulher ele pode escolher a forma de trabalhar, quem atender ou não. Ele pode querer só vender sexo para as mulheres. Assim como pode generalizar os seus clientes, atendo a procura dos homens também. É o trabalho dele. Ele está sujeito a isso, ele aceita ou não.

Mas ai existe a grande diferença entre uma garota e um garoto de programa.

É muito mais fácil um homem decidir contratar uma prostituta para fazer sexo. Mas uma mulher contratar um "prostituto" para isso é menos comum. Não que as mulheres não tenham vontade. Mas existem certos receios da parte feminina. Por medo. Vergonha. Machismo. Falta de coragem para abrir sua intimidade com um estranho, por mais que a vontade esteja ali presente.

É natural da mulher. O homem é mais decidido na hora de se realizar sexualmente. É natural do homem ser o predador, caçar, correr atrás. Muito menos simples para uma mulher.

Por isso de 100 pessoas que procuram o sexo pago, 90 são homens. Mais até. E isso funciona tanto para quem procura uma garota ou um garoto de programa.

Se vocês acham que um garoto de programa só atende mulheres, desculpa colegas de profissão, mas isso não é verdade. Todo mundo sabe que isso não é verdade. Ele vai ter clientes mulheres, sim, claro. Eu também tenho as minhas. Mas se o tal "prostituto" toma por escolha seguir seus princípios básicos de “macho-men” e só querer vender sexo para mulheres nessa profissão, logo ele vai perceber que não vai ganhar dinheiro algum com isso.

"Temos que atender a nossa demanda" já dizia o meu chefe num emprego antigo. Se você só quer pescar salmão num lago que só tem sardinhas, você morrerá de fome.

É nessas horas que eu digo que esta é uma profissão onde você tem de se desprender de muitas coisas. Fazer sacrifícios ideológicos. Deixar de lado o preconceito e a hipocrisia e entender que o que você faz no seu trabalho, não reflete na sua vida pessoal. Que deitar-se com um homem ou uma mulher e dividir prazer e luxúria não vai te fazer menos homem ou no caso da prostituta, menos mulher. É o meu trabalho. É a maneira que escolhi para conquistar meus objetivos.

Um personagem de novela interpreta um vilão assassino e cruel, mas quando ele sai do trabalho e volta pra casa não quer dizer que vá matar a sua esposa. Se você souber separar quem você é do que você faz, entende que você se torna duas pessoas. Dois personagens de mundos distintos, comportamentos distintos.

Eu sou assim. Sou dois em um só. O Gabriel faz sexo com homens e mulheres por dinheiro. O Gabriel tem regrinhas também. Numa relação sexual com um homem o Gabriel não faz certas coisas, é o jeito do Gabriel de trabalhar. O Gabriel é somente ativo. O Gabriel é o homem na cama. E o Gabriel sabe satisfazer muito bem quem se deita com ele.

Quando o Gabriel vai embora, ele volta a ser eu. Eu e as minhas opiniões. Os meus gostos. Volto a ser dono da minha sexualidade. Volto a ser o hetero que sempre fui. O mesmo cara de sempre.

E lembram a Alice do conto anterior? Sim, ela existe. Não como Alice. Não como uma prostituta. Não como uma vampira.

Mas ela existe como um lindo anjo que apaixona os meus dias. Toda vez que ela deita a cabeça no meu peito antes de dormir. Quando briga comigo por ciúmes. Quando chora por eu ter escolhido um trabalho tão complicado. Quando ela me perdoa quando eu digo que não sei viver sem ela. Quando ela me abraça forte depois de um beijo. Quando fazemos planos pro futuro, quando brincamos escolhendo nomes para filhos que teremos. Quando andamos abraçados, conversando e rindo. Ela é o meu anjo de olhos negros. Ela que mantêm meu equilíbrio. E essa jornada seria muito mais difícil sem ela. A pequena mulher existe, sim.

Desculpa a sinceridade nessa hora, mas se vocês gostam tanto de me julgar porque não param e lembram que cada um tem o direito de viver a vida como quiser, de trabalhar com aquilo que tem, de sonhar como qualquer outra pessoa.

Eu sou humano. Tenho qualidades e defeitos como qualquer um. Mas isso não te dá o direito de julgar as minhas escolhas. Você não está na minha pele, não passou pelo que passei para chegar até aqui.

Se eu nunca fui preconceituoso com você, leitor, porque será então comigo?

(Desculpem o tom e a pobreza na hora de dar os exemplos, a intenção era ser o mais claro possível, pois tem gente que lê entrelinhas demais. Como sempre, obrigado.)

Gabriel Ferrari.


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Alice


Alice

O taxi parou em frente ao portão de entrada. Era um edifício, daqueles de luxo. Altos, com varandas largas. A mulher pagou o taxista e saiu. Quem viu ela descer do carro foi acompanhando o olhar do salto alto aos olhos negros. Negros como a noite.

Identificou-se na portaria, disse o apartamento que desejava ir e entrou. Ela já era aguardada. Aquela mulher de vestido preto de couro colado ao corpo era um pedaço do próprio céu. Era um anjo. Uma luz. Um tesão.

Suas grossas coxas escapavam por baixo do curto vestido e dançavam hipnóticas, de um lado ao outro acompanhando seu caminhar.

Suas curvas eram de arrasar. A bunda perfeita empinava e fazia o couro esticar. Seus seios fartos como de uma atriz pornô americana formavam duas conchas invertidas que se juntavam num V que faria qualquer homem se entregar aos seus pés. Ela era um demônio.

Saiu do elevador e cruzou o corredor por sobre um longo tapete vermelho sangue. No meio do caminho parou. Aproximou-se de um grande espelho que tinha na parede do corredor. Viu seu reflexo e abriu um sorriso perverso. Como era linda. Linda e fatal. Continuou até chegar à porta.

A maçaneta girou e uma mulher surgiu atrás da porta. Ela vestia uma saia azul de tecido justa. Uma camisa social de botão por dentro da saia e um sorriso no rosto. Era bonita. Devia passar dos 35 e tinha jeito de empresária. Essa era a cliente do dia.

- Venha, entre. Não tenha medo mocinha, eu não mordo.

Era só o que o anjo de preto queria ouvir. Entrou lentamente. Sentiu a dona da casa a olhar de cima a baixo, deliciando-se em pensamentos eróticos.

- Alice. Este é o seu nome, não é?

O pequeno anjo negro limitou-se a fazer um aceno de cabeça em resposta. Seus olhos procuravam outra coisa. Investigava o apartamento mentalmente, concentrava-se nos sons, cheiros, queria saber se tinha mais alguém ali. Um riso disfarçado brotou no canto da boca. Não havia ninguém. Estavam sozinhas.

Virou-se de volta para a mulher de olhos tarados. Como uma gata, seduzindo a cada passo, veio até ela e beijou sua boca. Dos lábios foi até a orelha. Passou a língua de leve e falou baixinho "Vamos pra cama, meu bem. Estou doida pra tirar esse vestido."

A mulher de cabelos ruivos e camisa de botão mordeu os lábios. Parecia ter entrado em torpor com aquele beijo. Abriu os olhos e arrastou a garota de preto pela sala.

Atravessaram alguns cômodos pelo corredor até chegar num grande quarto. Quadros e móveis caros, tapetes e livros se espalhavam por toda a casa, mas o quarto era mais acolhedor do que o resto do apartamento. Mas nada daquilo importava. Só um desejo consumia o pequeno anjo.

Pararam em frente à cama. Ambas olhando fixamente nos olhos. E devoravam-se. Sedução. Calor. Começaram então o assédio aos botões e zíperes. Uma tirando a roupa da outra. Descobrindo cada detalhe do corpo alheio.

Quando a ruiva tocou com os lábios o bico do seio farto do pequeno anjo um gemido baixinho fez despertar algo dentro da pequena Alice. A ansiedade se misturava a excitação, a ruiva atacava seus seios com vontade. Mordia e dançava com a língua em volta do bico rosado.

Luxúria.

Alice era um delírio aos olhos de qualquer um. Sua pele era branca, branca como a neve. Seus longos cabelos lisos eram negros e contrastavam com seu tom de pele. Era uma mulher pequena, uma garota que parecia ter completado seus vinte anos agora. Uma ninfa.

Com um leve empurrão Alice desgrudou a mulher do seu corpo, deitou-a na cama e olhou fixamente em seus olhos.

- Você me quer? - perguntou a menina.
- Quero, quero sentir você escorrendo na minha boca, quero minha língua dentro de você. - disse a ruiva, já transpirando e puxando o ar entre os dentes.

Alice deitou e abriu as pernas, mostrando seu corpo depilado onde a mulher queria ver. Com uma das mãos acariciou e enfiou um dos dedos em sua vagina. Estava molhada. Seu corpo ainda respondia a esses estímulos. Seu corpo ainda lutava pra sentir todos eles.

Sentir. Era isso que o anjo negro buscava sendo uma prostituta. Pra ela não bastava possuir as pessoas. Ela queria possuir tudo. Queria o desejo do outros. Queria a alegria. A tristeza. Buscava a todo custo sensações que a lembrassem como era. Como era estar viva.

E o prazer do sexo fazia o corpo humano pulsar como uma bomba de adrenalina. O tesão. O orgasmo. Aquilo era um elixir, uma sensação que fazia o sangue ferver nas veias. Era isso que a alimentava.

Alice puxou a cabeça da mulher pro meio das suas pernas. Se era isso o que a mulher queria ela ia dar. Sentiu a língua roçar seu corpo, lamber suas entranhas. A mulher delirava com a cara enterrada nas coxas de Alice. Atacava a fenda da garota de pele pálida tentando sugar o que escorria dela. Aquilo a enchia de tesão.

Inverteram a posição, Alice agora passou a lamber a sua cliente também, formavam um conhecido 69. Línguas e dedos moviam-se frenéticos. Alice sentiu a mulher estremecer dos pés a cabeça. Era a hora. Não conseguiria resistir mais.

Uma sensação delirante tomava conta da pequena Alice. A consumindo. A corroendo por dentro. Um aperto no estômago. A pupila dilatando. A hora chegara. A mulher que se contorcia na sua frente estava pronta.

Agarrou com uma das mãos a coxa esquerda da mulher. Achou o ponto que queria em sua virilha. Sentiu pulsar. Sentiu o sangue jorrando na artéria femoral da sua cliente. Alice era um anjo. Alice era um demônio. Alice era uma vampira.

Seus dentes brotaram afiados na boca pequenina. E então delicados e letais cravaram-se na virilha da mulher ruiva. Esta gemeu. Mas não de dor. Gemeu de prazer. Alice sugou com força o primeiro gole. Bebeu o segundo. Os gemidos da mulher aumentaram. Dois filetes de sangue escorriam da coxa à cama, manchando os lençóis.

A cada gole Alice gemia excitada. A mulher acompanhava o compasso agora aos gritos, gritos de extremo prazer. Até que um longo gemido fez a mulher ruiva revirar os olhos e desfalecer exausta, satisfeita. O orgasmo jorrou goela abaixo na vampira e esta se afastou embriagada pelo sangue tomado. Também estava satisfeita. Sabia a hora certa de parar.

Não ia tirar a vida daquele corpo. Não precisava de tanto. Não gostava de matar ninguém. Era uma vampira, mas não precisava matar. Tinha aprendido isso com o tempo. Evitava problemas.

Enquanto sua cabeça ainda estava girando num turbilhão de sensações, fez força para se concentrar, puxou um dos lençóis da cama e passou em volta da perna com dois furinhos que ainda escorriam sangue. Improvisou um nó apertado, estancando o ferimento. Não precisava se preocupar quanto a esse detalhe. Sabia que em alguns minutos aquela ferida estaria fechada e cicatrizada.

Era o que sempre acontecia quando um vampiro mordia um humano. Não deixava rastros de sua presença. O humano acordava horas depois fraco e atordoado, sem entender porque estava com a gola da roupa suja de sangue mais sem ferimento algum. Os humanos não lembravam. Esqueciam o que não compreendiam. Pensavam ter tido um pesadelo.

Alice sentia a vida correndo em seu corpo novamente. O sangue quente no estômago, os pêlos do corpo eriçados. Não era como estar viva, mas era quase isso. A mulher dormia profundamente, seu rosto estava pálido, mas ela não ia morrer.

Era assim que Alice se alimentava. Dos desejos e sensações dos outros. Da adrenalina pulsante que consumia os humanos em momentos de êxtase. Só beber o sangue não a saciava, ela tinha que "temperá-lo".

Vestiu seu vestido de couro. Limpou o resto de sangue do rosto. Ajeitou a maquiagem e o cabelo. Subiu novamente no salto alto e pegou o dinheiro que estava numa mesinha do quarto, embaixo de uma taça de vinho. Saiu do apartamento, mais reluzente e sedutora de quando entrou. Agora o demônio estava alimentado. A fome que a consumia havia se calado.

Mas só por hoje. Amanhã ela seria o anjo negro de dentes afiados que poderia bater à sua porta querendo entrar. Amanhã ela seria a vampira novamente.

Gabriel Ferrari.

Novidades..


Novidades..

Olá. Hoje não terá a minha visita na rádio. Mandaram uma mensagem cancelando e adiando para a semana que vem.

E pra quem não percebeu tem algumas novidades aqui no blog. Criei novas páginas no blog, novos espaços de informação. Elas estão ali encima, no cabeçalho do blog. Tem o cantinho das fotos, as mesmas que uso no site de acompanhantes para anunciar meus serviços. E não, não tenho outras fotos além dessas, não envio fotos pra ninguém, não tenho vídeos e nem ligo web cam. Deixei as fotos mais picantes fora do blog, quem quiser ver o “Juninho” é só acessar o link do outro site.

Eu tinha prometido e então eu fiz. Adoro os emails que me mandam e sinto que não há mal algum em dividir um pouquinho desse carinho com vocês. Então coloquei os emails que recebo na sessão “Mural”. Nem todos estão lá, e nenhum está com o nome de quem mandou, para manter em segredo as coisas. Nenhum contém informações que prejudiquem ou identifiquem quem os enviou. Alguns são bem engraçados, me acabo de rir.

Ainda não fiz, mas farei outra página mostrando os endereços dos melhores motéis de Salvador. Tem muita gente que não é da cidade e não sabe onde ficam esses lugares.

Se mais gente está lendo isso aqui mais bonitinho o blog tem de ficar. Sei que muita gente está me ligando e nem sempre conseguem me encontrar. É normal gente, quando estou com um cliente não atendo o celular. Então continuem ligando ou mandem mensagem que respondo e atendo quando der.

Mais tarde tem post, agora tenho de ir trabalhar.

Gabriel Ferrari.

terça-feira, 14 de junho de 2011

“Uma Ferrari incomoda muita gente..”


“Uma Ferrari incomoda muita gente..”

Sente aquela paz no ar, a calma e a monotonia. O barulhinho dos pássaros, as folhas balançando nas árvores. O silêncio tão ensurdecedor que dá pra ouvir o orvalho pingando no jardim. Sente isso, essa tranqüilidade? Sente? Pois eu não. Ainda estou correndo do mundo, as coisas estão beeeem frenéticas..

Mas eu gosto disso, do reconhecimento, da procura, isso dá uma massagem gostosa no nosso ego. Não é uma coisa de se perder a cabeça, esquecer do chão e mudar a personalidade de um dia pro outro, não. Tô muito velho pra me perder tão fácil.

É um deleite imenso ver os resultados de uma guinada na exposição dessa história. Muito mais gente acessando o blog, comentando, mandando email. Ontem foram mais de 7 mil visualizações no blog. Estou quebrando meus recordes. E graças a vocês, ao entendimento de vocês, que souberam ou não enxergar o verdadeiro prazer disso tudo.

Não estou aqui me gabando por ser um profissional do sexo, da companhia, não é isso. Este é apenas o meu trabalho, que acho digno sim, pois não estou fazendo mal a ninguém. Trabalho é trabalho. Do mesmo jeito que você ai trabalha sentado num caixa de banco, atolado com a papelada do escritório, repleto de processos judiciais, construindo um novo edifício residencial na cidade, dirigindo um taxi, cuidando da casa, ou em pé num salto alto subindo e descendo escada o dia inteiro numa loja de shopping, eu também trabalho. A diferença é que o meu trabalho é fazer você gozar.

Tá, não é só isso, eu não me limito a só isso. Mas quero dizer que trato este trabalho como qualquer outro, respeitando a mim e as pessoas que passam pela minha jornada. Sei que muita gente não compreende isso e julga com o discernimento que lhe convém, mas esta é uma das profissões mais antigas, há de se admitir que não deveria existir ainda o mesmo espanto.

Mas vá lá, não sou eu nem o Renato Russo que vamos mudar o Brasil. A questão é que além desse trabalho estou aqui usando um artifício da comunicação para elucidar talvez, algumas vertentes do comportamento humano. Tendo como base a minha rotina, o meu trabalho.

Bom, deixando de lado o tom formal, ontem teve todo aquele rebuliço em virtude da matéria no jornal. Acho que vou contratar uns três Ferraris pra me ajudar essa semana.

Fui chamado pra participar de um programa na Rádio Transamérica e aceitei. Então agora vocês poderão ouvir minha voz de graça também rsrsrs.. Na quinta, às dezoito horas, no Conexão Transamérica. Aviso melhor depois.

Até pra filme pornô me chamaram, filme bom viu, com atriz pornô famosa e tudo. Mas este convite recusarei, não está na hora de enfartar metade da minha família. Não quero me revelar, meu rosto é segredo de estado.

Enquanto tô escrevendo isso aqui, tô vendo a quantidade de comentário besta que chega ao blog. É tanta gente sem cultura nesse país que dá até pena. Tem uns dois comentários ali falando de AIDS/HIV. E ai eu me pergunto "QUE PORRA EU TENHO A VER COM ISSO?"

Sério, por que diabos a AIDS está sendo relacionada ao meu trabalho? Deixa eu relembrar uma coisa pra vocês amiguinhos. Vocês acham, em sã consciência, que nós garotos ou garotas de programa fazemos sexo sem camisinha? Sem segurança? Alooww, volta pro mundo Alice, ninguém faz sexo sem preservativos neste trabalho, ninguém. Não existe a possibilidade de deixarmos isso de lado. Não existe sexo sem camisinha comigo. Eu já não faço a parte passiva, não sou penetrado. Corro menos riscos ainda. Só um jumento não deve ter conhecimento disso.

Mas cada um merece a inteligência que tem. E gente, meu corpo não é de papel, não. Não tenho a validade de um biscoito. Mais sexo ou menos não vai me matar mais rápido. Não pretendo trabalhar assim para sempre, tenho meus planos, claro.  Mas fuder que eu saiba não mata ninguém. Até rejuvenesce, lembram.

Hoje também foi um dia bem cheio. Cai da cama cedo, cliente logo pela manhã. Usei um guindaste pra desgrudar meu corpo dos travesseiros e consegui. Um paulista que adora vir à Salvador provar do "tempero" baiano. Um professor. Mais um pra minha lista. Tô achando que todo professor deve ter uma tara por seus alunos, algo escondido, que nem os padres pelos coroinhas. Que a Santa Casa não venha tacar pedra em mim.

Logo após fui atender uma médica. Invertemos os papéis e ela virou minha paciente. Ela me confessou que estava a um bom tempo sem "namorar" e conversamos bastante até ela ir se soltando e abrir aquilo que ela tinha trancado fazia tempo. E ela abriu. Ela se soltou. Ela gozou. Tem certas coisas que a gente nunca desaprende né. Então que eu seja a sua chave, meu bem.

Ontem descobri que alguém estava usando minhas fotos e meu nome, Gabriel Ferrari, num site de acompanhantes de Florianópolis. Imagina a cara de pau. Mandei um email desaforado para o tal site e minutos depois o tal anúncio tinha sido retirado. Fake é foda.

Hoje fui pegar minha carteira de habilitação. Com aquelas fotos que a gente sempre sai com cara de sono, drogado e bêbado, tudo junto. Pronto, já tenho o coldre. Agora só falta a arma.

Queria agradecer mais uma vez aos inúmeros emails que estou recebendo de novos leitores, dos elogios, e dizer que eu continuo o mesmo. Não virei celebridade nem pretendo virar. Apenas mais pessoas estão conhecendo minha coragem, minha vontade de debater esse assunto.

E tem muita história ainda a ser contada, muito chão pela frente. Esse mundo é imenso e eu ainda não conheci metade de vocês. Ainda tenho muito que aprender e batalhar. E acho que vai ser divertido acompanhar tudo isso bem de pertinho.

"Não julgues e não será julgado."

Gabriel Ferrari.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ela é um anjo..

Ela é um anjo..

“Três pra um em Vladivostok..”

Link:

Gabriel Ferrari.

“O Bruno Surfistinha”





“O Bruno Surfistinha”

Bruna, garota, desculpa, mas agora é a minha vez..

Sim, a matéria saiu. No jornal Correio da Bahia, hoje, segunda-feira dia 13/06/11 saiu uma matéria falando desse mundinho aqui que vocês estão acabando de conhecer. Ou já conhecem, para os antigos.

Sabe quando a gente tá acelerando numa pista a 160 Km/h e sua mão vai ao painel do carro e aperta um botãozinho de Nitro e o carro voa, ultrapassando aquilo que você já estava acostumado. É mais ou menos assim. Se eu tinha cutucado um tantinho de gente hoje sei que tinha riscado só a superfície. A porra despirocou de vez! Estão todos atrás de mim. Já foram mais de cem ligações. Vários emails. Outros tantos novos comentários no blog. E mais um tantinho de gente com mente pequena, que só foca naquilo que quer enxergar.

Agradeço a todos vocês que sempre acompanharam este blog, e aos que chegaram agora, sejam bem-vindos.

A matéria? Bem a matéria foi um presente na verdade. Mas não um presente para mim, mas talvez pra vocês, que agora tem mais alguma coisa a fazer na internet nas horas vagas.

Aos de mente pequena, sim, sou hetero e quase todos os meus clientes são homens. Claro que eu preferia o contrário, mas pra um na minha profissão é assim, então fazer o que. Não faço passivo, eu sou sempre o “homenzinho na cama”. É uma profissão de risco tanto pro homem quanto pra mulher, mas é claro que todos nós nos cuidamos muito bem, e não existe um atendimento em que não usemos religiosamente preservativos e outros tipos de cuidado. O que eu faço não é o que eu sou. Mas esses detalhes vocês já devem estar cansados de saber.

É um dinheiro fácil? Tá, dá uma olhadinha no texto lá embaixo “127 anos” e volta aqui e repete pro papai. Mas na maior parte do tempo não tenho com o que me queixar, se você aprende a enxergar o ser humano de outras formas você percebe que não existe homem e mulher, feio ou bonito, gordo ou magro, alto ou baixo, e sim o momento. Aquele momento em que todos sentem falta na hora do sexo, da companhia, da troca.

O momento. E este momento você pode aproveitar com quem você quiser, ele nem sempre dominará você ou mudará o seu ser. É só uma vontade que precisa ser saciada, provada, cheirada, gozada.. E este momento sou eu.. Ou você.. Basta só você querer.


Gabriel Ferrari.